terça-feira, 9 de agosto de 2011

Subversão (poema barato) - Cado Selbach

SUBVERSÃO - POEMA BARATO

Escrevo poemas
Assim como quem dança

Pra exorcisar
Toda chatice
E todo o peso que há em mim.

E o poema sai assim...
Meio torto
Meio poema
Vivo morto

De dar pena!

Dança sem ritmo
Erra na divisão

"Bambeia..bamboleia"

Trôpego... travado

Quero-o rasteiro

- Às vezes -

Ainda que o chão não seja
meu território preferido

Quero que insinue verdades
E conte algumas mentiras

Mentiras sobre minhas verdades
E verdades sobre minhas mentiras

Meu poema ri da anarquia
Por desobedecer até suas anti normas.

E em desobediência delirante
Anda em círculos... se retro-alimenta
E tropeça em emoções baratas

Poema Barato...

Em liquidação: leia um, leve dez.

Cheio de truques baratos

Poema pra dar barato.

Anti-poema

E quero seguir assim..
Meio anti-poeta

Insistente em seu lirismo
De mesa de bar
Em algumas citações decoradas

Hospedaria de meus delírios

Cheio de espaços entre frases tortas

Rasteiras

Ligeiras e fugidias...

Quero meu poema em tua gaveta
Amassado...
Sublinhado...

Escrito à mão!

Quero que silencie
Tuas chatices
E intelectos pretensiosos

E que te roube as armas que carregas

Que preserve sua ternura
E te liberte de conceitos

Que vá morar em tua memória
Cheio de versos esquecidos

Quero que deslize
Rio abaixo...
E ria de obstáculos

Que exista sem permissão!

E que um dia te encontre

"pra te explicar o que feriu"

E dizer do que não vingou.


Cado Selbach

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