segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Do mal - Cado Selbach

Do Mal

Arrastam-se os dias de inverno
E me levam longe feito folha n'água
Há sede de sol e verde renovado
E aquele "pote até aqui de mágoa"!


Há uma inconformidade com o hoje
E uma incessante sede de amanhã


Silêncio atordoante


Vida vã

Há essa tristeza quase euforizante
E um silêncio de pavor e medo
Há o relógio me avisando agora
De um amanhã em que acordo cedo


Há o gotejar da chuva na calçada
E a incipiente lágrima de agora
Há um vazio atrolhado de coisas
E um desamparo na vida lá fora


Há um não saber-se muito se afirmando
E um afirmar-se sem saber de nada
Um corpo inerte ante seus desejos
E um rosto triste em alma deformada

E há aquele pássaro dentro do peito
Voo abortado em jaula de rotinas
E a sua vontade de f%@&# com tudo
E incendiar as gaiolas do dia


E há meu eu lá dentro acabrunhado
Sem entender porque tamanho drama
E esse corpo ainda não cansado
Mas que... não sei porque
Se cola a cama.


Cado Selbach




Nenhum comentário: