quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Penúltima vez - Cado Selbach

PENÚLTIMA VEZ

Na penúltima vez em que foste embora pra sempre
Sacudi meus ombros com algum desdém
Uma planta com raízes flutuantes
Na verdade não se apega a ninguém.

A ninguém que use palavras feito facas
Em olhares faiscantes de amargura
E com gesto de esgrimista concentrado
Rasgue o ventre do desejo... já sem cura.

Sigo assim o meu caminho a tatear
outros corpos à procura de outra alma
Só encontro simulacros do que foste
Quando fiz de teu abraço minha calma.

E agora que retornas com desculpas
E esse tom de "nada sei" em olhos vagos
Meu sorriso ensaiado te recebe
Para um novo faz de conta em tom errado.

Faz de conta que perdeste enfim teu peso
Não do corpo... mas da alma atormentada
E que o beijo de saudade em gosto amargo
Inaugura um novo tempo em minha estrada

Penso então que teu abraço não encaixa
Pois meus braços pendem agora lado a lado
Já não creio no teu texto de revista
E teus gestos de amor coreografado

Faço malas

- não as minhas... fique claro -

E proponho que recues rua afora
Já não sinto que haja em mim qualquer saudades
Ou vontade de te amar...

Já não é hora!

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