segunda-feira, 11 de julho de 2011

INVERNIZANDO - (Cado Selbach)

 

INVERNIZANDO
Recolhe-me o frio em suas entranhas
Enquanto geia sobre o parque logo em frente
Tal qual o tempo geou sobre os cabelos

E Entre edredons de tédio matutino
Eu me aconchego na cela da noite
E se misturam pernas e intenções
E pensamentos também se recolhem

Vive-se então o profundo silêncio
Do vento uivando em vidraça vedada
E porque dançam assim, tão eufóricas
As velhas árvores da madrugada?

Há quase medo do frio insidioso
E das ciladas no dobrar da esquina
E uma vontade doida e imperiosa
De acalentar desejos quase castos

É ninho a cama em que vivo agora
Da qual escapa a mão que encontra a taça
Que brinda aos corpos hoje enrodilhados
Pele aquecida - antes eriçada

Faço do frio planície pros meus passos
Que logo cedo roubarão meu corpo
Enclausurado entre vestes pesadas
Pra ver as folhas secas na estrada

A desenhar caminhos de passagem 

Cado Selbach

4 comentários:

JC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mara De Martine disse...

lindo....amei o título..."Invernizando"....o que mais me cativa nos seus poemas são essas licenças que me surpreendem....bjs

Angel disse...

Ricardo querido, não sabia de teu blog, fui dar uma passeadinha em teu Face pra deixar um afago e ... que delícia de surpresa! Parabéns mais uma vez e obrigada por multiplicar tua arte. Beijo muito carinhoso, Maria Angela.

CADO - MAPA DOS MEUS DIAS disse...

Oi Mara! bacana teres falado destas licenças que me autorizo. não saberia brincar com as palavras se não pudesse reconstruí-las. beijo.

Maria Angela querida... fiquei muito feliz em te ver por aqui. obrigado pelo carinho de sempre. meu orgulho pela tua amizade. beijo.