terça-feira, 26 de julho de 2011

exconjuro - Cado Selbach

Exconjuro

Hoje revogarei os meus contratos de afeto
Inaugurando a estação dos corações partidos

E caminhos bifurcados pela dança das vaidades

Dir-te-ei dos rancores e do caldo já entornado
Em minha piscina secreta de almas fantasmorizadas
Pra poupar-me do trabalho do banimento bem vindo
Dos desejos ou repulsas que me cercam entusiasmados

Privar-me-ei de rancores e do desdém que carrego
Por espectros urbanos feito gente mal amada
Entendendo-os como seres enrodilhados no drama
De não protagonizarem qualquer cena que requeira
tons de sensibilidade mesmo metamorfoseada

Almas pagãs e perdidas na cidade desvairada
Mixadas a personagens de romances já datados
De velhas encarquilhadas e corações de pedra
E bolsos abarrotados de miséria embolorada

E seguirei o meu curso de poeta impertinente
Empilhando minhas palavras em colunas de sentidos
Para quem sabe salvar-me do que já havia esquecido:

A tristeza contagia, sobretudo se negada...
Ainda mais amalgamada a rancores bem antigos.


Cado Selbach

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